Desafios, avanços e conquistas foram impulsionados pela Associação em prol da atividade de Self Storage
Por Márcio Norberto
O associativismo é um dos caminhos para o desenvolvimento dos diversos setores econômicos. A ideia de coletividade e de objetivos alinhados favorecem o fortalecimento das atividades produtivas e consequentemente de um setor.
Para empreendedores de um mesmo segmento poder compartilhar dificuldades, soluções e alcançar conquistas o trabalho em conjunto e com representatividade pode ser a chave para o desenvolvimento. Essas são algumas das premissas que norteiam a formação de uma associação. É com este espírito e com demandas específicas que nasce a ideia de formar uma associação para representar o setor de Self Storage no Brasil.

Origem
Neste ano de 2023, a Associação Brasileira de Self Storage (Asbrass) está completando 10 anos. Antes, porém, da formação de uma associação em âmbito nacional, estava em operação, em São Paulo, a Associação Paulista de Self Storage de São Paulo (Aspass). O ponto de partida para a criação desta entidade local surgiu da demanda tributária de uma empresa. Os empresários do setor perceberam então que a mesma necessidade era partilhada por outros empreendedores.
Além disso, por se tratar de uma atividade inovadora e com várias lacunas a serem superadas em relação à prática, o grupo de empresários de São Paulo resolveu formar uma associação que, a partir de estudos, pudesse dar respostas ao novo segmento de negócio que estava surgindo no Brasil e com isso criar um ambiente regulatório mais adequado.
Nesta etapa, o Secovi-SP teve papel fundamental no processo de buscar a regulamentação da atividade no Estado, em 1999, e na obtenção do Código Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) para o self storage, em 2013, regulamentando a atividade na esfera nacional. Posteriormente, esses mesmos postulados que eram de interesse do grupo de empreendedores de São Paulo e outros que surgiram mais tarde com o próprio desenvolvimento da atividade foram estendidos nacionalmente e assim, em 2013, nasceu a Associação Brasileira de Self Storage.

Asbrass: principais conquistas nesta primeira década
Várias foram as conquistas nos dez primeiros anos da Associação. O trabalho desenvolvido em parceria com os associados, com a participação de especialistas, profissionais de mercado e agentes públicos produziu avanços significativos em diversos aspectos para o setor.
Entre eles a conquista de um código nacional específico para a atividade, a adequação de práticas operacionais que se tornaram benéficas ao conjunto de operadores em todo o Brasil, a realização de uma comunicação mais assertiva com os associados, com a imprensa e com a esfera jurídica, a realização permanente do maior evento dedicado ao setor na América Latina (Brasil Expo Self Storage), além da constante interlocução com o poder público em diferentes esferas.
De acordo com Rafael Cohen, que preside a Associação desde 2018, obter o código próprio da atividade foi a primeira conquista lá no início da Associação, beneficiando o setor em todo o Brasil. Cohen lembra como a tese elaborada pelo jurista Ives Gandra, que modelou a atividade em relação ao aspecto tributário, foi importante para o setor. “A tese representa um avanço no sistema judiciário porque da respaldo às empresas que anteriormente eram autuadas na esfera municipal para pagamento de ISS, e com ela conseguimos obter sucesso em várias etapas jurídicas”, comenta o presidente.
Nesta linha de obtenção do código específico para a atividade junto ao poder público federal, a atuação da Associação foi fundamental porque conseguiu, ainda que parcialmente, segurança jurídica para o segmento disse Antonio Sanchez, que é empresário do setor, em São Paulo.
“Ao longo dos últimos dez anos a Associação avançou em nos representar perante o poder público federal com a obtenção do CNAE específico para o setor, além do trabalho contínuo que realiza com os municípios para nos apresentar como empresa de locação de espaço temporário ao invés de prestador de serviço de guarda”, disse o empresário que destacou a importância da relação com o poder público nas três esferas. “Esse trabalho com os três níveis estatais nos trouxe, ainda que parcialmente, alguma segurança jurídica para os negócios, uma vez que no âmbito municipal a regulamentação ainda não foi concluída”, comenta Sanchez.
O monitoramento do mercado de self storage em todo o Brasil, por meio de pesquisas, foi também um avanço e uma prática adotada pela Associação para mapear e gerar informações qualificadas sobre o setor, sinalizando empresários e dirigentes sobre como agir de maneira mais segura e assertiva na tomada de decisão. Neste sentido, trimestralmente a Associação realiza o trabalho de monitoramento com o objetivo de produzir dados confiáveis sobre o setor.
“Conseguimos fazer algo muito importante que é o monitoramento do mercado, pensando no seu crescimento, na interlocução com a imprensa e com o setor público. Para isso, é necessário ter informações sobre o que acontece no setor. Em parceria com os operadores, conseguimos dados confiáveis para saber se estamos crescendo, o perfil do usuário, a taxa de vacância, entre outras informações”, explica Cohen.
Segundo Sanchez, o mapeamento e a divulgação dos dados sobre o setor é um trabalho importante realizado pela Associação porque sinaliza caminhos futuros para o mercado de self storage. “A Asbrass contribui muito na organização e divulgação do dados setoriais que ao final nos fornece uma luz para o futuro”, registra.
O relacionamento intenso com o poder público nas diferentes esferas é outra característica marcante da Associação. “Nesta relação permanente buscamos principalmente mostrar o que é a atividade para subsidiar os parlamentares no desenvolvimento de projetos de lei. Hoje há projetos em andamento em Curitiba, Rio de Janeiro e Brasília, e estamos buscando outros locais para fazer o mesmo e assim conquistar códigos municipais específicos para a atividade”, destaca o presidente da Associação.

Trabalho coletivo
Cohen ressalta que uma das principais características da Asbrass é o trabalho coletivo, que as demandas recebidas e os assuntos colocados em debate resultam do interesse dos associados. A Associação sempre busca ouvir também os fornecedores e os usuários do self storage. É a partir do conjunto de informações e demandas que a Associação traça estratégias e realiza orientações. “Um dos maiores orgulhos que tenho da Asbrass é que ela é uma Associação onde o fator colaboração é preponderante, buscando sempre o melhor caminho para todos”, diz Cohen.

Os próximos dez anos
De acordo com o presidente, a principal agenda da Associação no momento e que continuará futuramente se for necessário é intensificar o trabalho para a regulamentação da atividade de forma definitiva. “A agenda é intensificar a atuação da Asbrass para conseguirmos regulamentar de forma definitiva e em todos os âmbitos públicos: municipal, estadual e federal, a atividade”.
Além disso, segundo Cohen, o objetivo é aumentar o quadro de associados para que haja maior representatividade e com isso fortalecer a Associação perante o setor público e a imprensa. Esses dois atores são importantes para que o self storage obtenha segurança jurídica, torne-se mais conhecido e assim conquiste visibilidade junto a investidores.