Inovação no mercado de self storage brasileiro: empresa do setor se especializa para atender demandas do cliente corporativo
Por Márcio Norberto
O segmento de self storage ainda é relativamente recente no Brasil, as primeiras iniciativas começaram por aqui em meados dos anos de 1990, portanto está para completar três décadas de vida. Mercado jovem, porém com forte potencial de crescimento, conforme mostram pesquisas realizadas com regularidade sobre o desenvolvimento do setor. Nesta linha de crescimento, empresários têm buscado iniciativas diferenciadas e inovadoras pensando justamente no potencial do segmento.
Pode-se dizer que este mercado recebeu forte influência e foi acelerado por mudanças de comportamento na forma de consumo dos brasileiros; falamos aqui do substancial aumento do comércio eletrônico. Hoje em dia o consumidor quer comprar e logo receber o produto, com isso as demandas da cadeia logística foram também alteradas. Essa nova cultura mexeu com empresas de diferentes portes. A pandemia é outro aspecto que também acelerou a mudança de várias situações no ambiente corporativo.
Diante deste novo cenário, que para especialistas e empresários não tem mais volta, empreendedores do ramo de self storage, em sintonia com as transformações e novas demandas do mercado, identificam oportunidades de negócio e implementam algumas especializações e inovações dentro do setor. É o que está fazendo Thiago Cordeiro, CEO da GoodStorage. O empresário conversou com exclusividade com a redação da ASBRASS e contou um pouco sobre sua trajetória no mercado e como vem estruturando – já está em prática –, um nicho de self storage para atender à demanda corporativa.
ASBRASS: Para começar nosso papo, gostaria que contasse há quanto tempo está atuando no mercado de self storage?
TC: Passei muitos anos acompanhando o mercado de self storage nos Estados Unidos, onde ele é muito forte, e aos poucos fui percebendo que havia chegado a hora de implantar algo semelhante no Brasil, onde havia uma grande demanda reprimida por locação de espaços estruturados e bem localizados nos centros urbanos. Assim, em 2013, a GoodStorage tomou forma, a partir desse meu desejo de atuar no setor, combinado com a expertise e capital da gestora de private equity Evergreen Investment Advisors.
ASBRASS: O segmento torna-se cada vez mais conhecido no Brasil, tanto por clientes pessoas físicas quanto corporativos e você trouxe mais uma “inovação” para este mercado que é uma operação para atender com exclusividade cliente corporativo, poderia comentar em geral sobre este novo modelo?
TC: De maneira resumida, posso dizer que a GoodStorage ganhou uma robustez à altura das demandas logísticas atuais. São 20 unidades de self storage, 4 espaços empresariais e mais 6 novos endereços previstos para os próximos meses. Nossos clientes empresariais já vinham crescendo e tiveram seus negócios impulsionados na pandemia. Os brasileiros passaram a comprar mais online, usar delivery na rotina e a exigir entregas cada vez mais rápidas. Esse novo comportamento foi fomentando uma nova mentalidade no varejo e na indústria, cada vez mais empenhados em reduzir prazos e custos para agilizar a distribuição. Nossos espaços empresariais entram exatamente aí, uma estrutura pronta para atender as necessidades de transporte de mercadorias em grande escala, com pátio para carga e descarga de caminhões e galpões independentes equipados com sistemas de segurança e a flexibilidade que o self storage oferece, nas localizações mais estratégicas da cidade.
ASBRASS: Você vê como uma nova oportunidade de negócio atender cliente corporativo com exclusividade?
TC: É uma evolução de algo que já vínhamos fazendo. Enquanto nos Estados Unidos o self storage é usado quase exclusivamente por pessoa física, no Brasil é comum a procura por empreendedores e pequenas empresas, que usam os boxes como estoque e no apoio para a organização de pedidos e remessas. O que fizemos foi maximizar esse potencial, criando condições para que algumas das maiores empresas do país possam ser tão bem atendidas quanto esses empreendedores. Nossa vantagem é que, por sermos administradores imobiliários profissionais, oferecemos espaços funcionais e bem geridos para que os locatários não precisem se preocupar com nada além do próprio negócio.
ASBRASS: Há algum diferencial entre o self storage que atende a pessoa física e o cliente corporativo? Hoje em dia o cliente corporativo representa que percentual na sua empresa?
TC: Estamos em um momento de expansão do segmento corporativo, embora o de pessoa física ainda seja maioria, em torno de 60%. O modelo de funcionamento é o mesmo, o que muda é a tipologia das unidades. Aquelas voltadas para o consumidor final costumam se situar em bairros consolidados da cidade, para que os clientes possam chegar aos boxes direto de casa ou do trabalho, a pé ou de bicicleta. A proposta é que esses espaços funcionem como uma extensão da casa ou do escritório, com metragens a partir de 1 metro quadrado. Empresas de pequeno porte e e-commerces também são bem atendidas nessa proposta, recorrendo a metragens maiores, de até 500 metros quadrados. Nossa localização faz com que elas consigam equacionar a última milha da entrega, que é um dos maiores gargalos logísticos hoje. Finalmente, quando olhamos para as empresas de grande porte, nossas unidades ganham outra proporção. Em vez de boxes, falamos de galpões a partir de 1.000 metros quadrados, situados no entorno das principais vias expressas, com acesso fácil a rodovias. É uma lógica de escoamento de grandes estoques e cadeias produtivas, para que esses itens contem com o mesmo dinamismo oferecido no self storage.
ASBRASS: O comércio eletrônico, cada vez mais forte, é o que impulsionou você criar um nicho para atender cliente corporativo?
TC: Foi um driver bastante importante, sobretudo por constatarmos que a compra online veio para ficar. O brasileiro aprendeu a escolher pela internet desde produtos de higiene pessoal até roupas e calçados, e isso não tem mais volta. As cidades precisam evoluir para comportar essa mudança, pois agora há novas maneiras de se viver no ambiente urbano. Isso significa que há também uma oportunidade de tornar essas dinâmicas mais eficientes e sustentáveis, contribuindo para a qualidade de vida das pessoas. Gradativamente, as cidades podem evoluir para Smart Cities, oferecendo escolhas mais racionais, alternativas mais acessíveis e rotinas mais integradas e conexas.
ASBRASS: Qual é o segmento de empresa que mais utiliza o seu self storage, são empresas, pequenas, médias, grandes?
TC: Em números absolutos, acredito que as pequenas respondam pela maior fatia, até por serem mais numerosas. No relativo, as grandes companhias se mostram muito representativas, pois operam grandes volumes de área bruta locável. Assim como passamos os últimos anos atendendo pessoas físicas e jurídicas com a mesma dedicação e profissionalismo, estamos certos de que conseguiremos absorver mais esse desafio, de oferecer a mesma assertividade de soluções aos mais variados perfis e portes de empresas.
ASBRASS: Qual o diferencial para uma empresa manter seus produtos num box de Self Storage?
TC: A flexibilidade é algo que considero fantástico, pois o cliente pode ampliar a metragem contratada ou cancelar a locação sem burocracia nem multa no próprio mês corrente. Pesa bastante também a conveniência: horários de funcionamento amplos, itens como embalagens sempre à mão e endereços nos principais bairros comerciais e residenciais. Segurança é outro atributo bem importante, que fornecemos através do uso de biometria nos controle de acesso e câmeras de vigilância. E cuidados com sustentabilidade, na racionalização do consumo de água e energia, são mais um destaque positivo.