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Desafios e oportunidades no setor de self storage

Segundo Thiago Cordeiro, presidente da Asbrass, entre os principais desafios do setor estão disseminação da sua cultura e a regulamentação

Por Márcio Norberto

O mundo dos negócios, seja de que segmento for, é cercado de desafios e de oportunidades. Esses dois aspectos podem ser mais intensos na jornada de um modelo negócio quando ele é relativamente jovem, como é o caso do self storage no Brasil. A atividade tornou-se mais conhecida no contexto de uma série de transformações comportamentais e econômicas pelas quais a sociedade vem passando nos últimos anos.

Entre outras mudanças está o contínuo processo de urbanização que se associa a espaços residenciais cada vez menores nas grandes cidades brasileiras. E, além disso, houve o surgimento de novos modelos de negócio baseados principalmente no ambiente digital. O chamado e-commerce alterou o hábito de consumo e fez com que muitas empresas, sobretudo as micro e pequenas, buscassem soluções para armazenar seus estoques e ficar mais perto do cliente final, otimizando entregas em termos de custo operacional e agilidade.

Estas mudanças geraram novas demandas que o self storage pode suprir e assim alavancar seu crescimento. A boa performance vem sendo registrada por pesquisas realizadas regularmente desde 2019. Neste cenário positivo, além das oportunidades, há também desafios como, por exemplo, disseminar a cultura da atividade e criar debates junto ao poder público, especialmente o municipal, sobre regulamentação.

Sobre essas questões, a Newsletter Asbrass conversou com Thiago Cordeiro, que em março assumiu a presidência da Associação Brasileira de Self Storage, para o biênio 2024-2026. Cordeiro é sócio fundador e CEO da GoodStorage, uma das maiores empresas do setor com 10 anos no mercado e mais de 30 unidades na capital paulista.

Crédito: Foto Divulgação

ASBRASS: Gostaria que falasse sobre o crescimento do setor no Brasil, nos últimos anos. Quais fatores favoreceram este crescimento?

TC: O crescimento do mercado de self storage se dá principalmente por dois fatores: (1) diminuição dos lares dos brasileiros, alavancado pela diminuição do tamanho das famílias e dificuldade na oferta de espaços disponíveis. A oferta de micro apartamentos tem crescido muito nas principais cidades do país e faz com que a população passe a buscar por soluções de armazenamento, seja para itens de valor monetário ou sentimental, ou apenas para itens com pouco uso, por exemplo; (2) crescimento do e-commerce e consequentemente da modalidade de entrega expressa. As empresas que precisam tornar suas operações logísticas mais eficientes e ágeis, precisam ter seus centros de distribuição ou estoques mais próximos de seus clientes finais, tendo os self storage como uma solução.

ASBRASS: Na sua avaliação, a cultura do self storage como modelo de negócio é compreendida no sentido de a população e empreendedores conhecerem o que é a atividade?

TC: Ainda há um caminho a percorrer em relação ao entendimento de pessoas físicas e jurídicas sobre os benefícios e, até mesmo, a existência do mercado de self storage como uma solução para a demanda desses públicos. É um processo natural, considerando que é um mercado relativamente recente no país, inclusive, por estarmos diante desse cenário, é algo em que viemos trabalhando nesses últimos anos, mostrar a funcionalidade e importância do nosso mercado, os benefícios para quem loca e para a população como um todo. Já tivemos muitos avanços, mas sabemos que ainda podemos tornar essa cultura mais forte no país.

ASBRASS: Hoje, qual é o principal ou principais desafios do setor de SS?

TC: Acredito que temos dois grandes desafios, o primeiro é fazer com que o conceito seja expandido e compreendido, ainda temos que avançar em relação à cultura do self storage no Brasil. Sobre o segundo e que merece destaque, é o trabalho da regulamentação da atividade perante os órgãos públicos. Atualmente, atuamos basicamente no mercado imobiliário, mas precisamos avançar e mostrar como pode ser essencial e benéfico para as cidades a regulamentação e padronização da atividade em todo o país.

ASBRASS: Em relação à Asbrass, você assumiu a presidência pelos próximos dois anos e fez parte da diretoria na gestão anterior. Falando em desafios, quais são os principais da Associação?

TC: Sem dúvida, ainda temos muitos desafios pela frente. Como mencionado, estamos falando de um mercado relativamente recente no país. Acredito que o meu trabalho como presidente da Asbrass é colaborar e fortalecer o trabalho que já tem sido feito juntamente com os players do mercado para juntos conseguirmos enfrentar, esses desafios, como implementação de cultura, regulamentação da atividade perante os órgãos públicos e o reconhecimento do setor nacionalmente.

ASBRASS: E o que a Asbrass pode entregar para os associados e para o setor de modo geral?

TC: A Asbrass oferece diversos benefícios aos associados, como divulgações, materiais de marketing, participação em eventos, além de uma comunidade engajada em tornar o mercado cada vez mais importante no país. Acima de tudo, é um espaço para que todos possam dividir dores, compartilhar conquistas e ideias que possam fazer com que o ecossistema todo cresça junto. Temos um objetivo primário em comum, que é tornar o mercado mais relevante no país e é nisso que estamos focando enquanto Associação.

ASBRASS: Como será a atuação da Asbrass durante a sua gestão? Você poderia elencar quais são as principais diretrizes e prioridades da Associação nos próximos dois anos.

TC: Me comprometo a servir em prol do desenvolvimento institucional do setor, promovendo novos entrantes e colaborar para que a atividade de self storage se expanda por todo o território brasileiro. Crescemos a uma taxa anual de dois dígitos pelos últimos 10 anos e ainda há muito por se fazer. Acredito no potencial de colaboração e na força do coletivo para continuarmos crescendo e tornando o mercado cada vez mais relevante no país.