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Linhas de crédito restritas e inacessíveis

Setor de Self Storage poderia crescer ainda mais no Brasil; linhas de crédito específicas podem impulsionar esse crescimento

Por Márcio Norberto

No Brasil, bater na porta de uma instituição financeira em busca de linha de crédito para investimento no setor produtivo, seja ele de que ramo for, é algo por assim dizer indigesto ao empreendedor brasileiro. E, se a empresa estiver há pouco tempo no mercado e ainda buscando se consolidar, ou, a depender do seu porte, conseguir crédito torna-se ainda mais difícil. Além dos juros elevados, outros aspectos dificultam a negociação com o agente financeiro, sendo as garantias exigidas pelo credor mais uma delas.

O empresário do segmento de self storage passa por isso e provavelmente por muito mais quando vai ao mercado buscar crédito. A atividade funciona num modelo em que o contrato de locação com o cliente é mensal, podendo se estender ao longo do tempo, mas não exige desse cliente que aluga o box alguma garantia ou multa em caso de rescindir o contrato de locação. Esse é um motivo que dificulta a vida do empresário quando ele chega na mesa do gerente do banco para negociar o crédito. Aqui no Brasil, as instituições financeiras ainda não disponibilizam linhas de crédito específicas para o setor.

“Hoje no Brasil não há nenhuma linha de crédito para o setor. Imagina uma empresa de self storage bater na porta de uma instituição financeira para fazer um CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) dos aluguéis e oferecer 400 contratos de locação com prazo mensal, sem garantias ou multas por rescisão. Somos um setor de natureza imobiliária, mas com receita de varejo”, explica o diretor administrativo da Associação Brasileira de Self Storage (Asbrass) e empresário do setor, Fernando Flávio Barreto Nascimento. 

Para o dirigente e empresário, conseguir linhas de crédito nesses moldes junto às instituições financeiras é impossível. Nem mesmo o momento favorável pelo qual passa o setor com crescimento sustentável nos últimos anos tem sido suficiente para que os bancos viabilizem linhas de crédito específicas. “Temos todos os atributos de um bom negócio imobiliário: resiliência, baixa volatilidade, boas margens, etc, mas não é o suficiente”, afirma Nascimento.

Alternativa

Como acontece em outros setores produtivos que estão em fase de arranque, e as startups são bons exemplos, os empreendedores do segmento de self storage costumam recorrer também ao chamado Family, Friends and Fools (3F) que em tradução literal significa família, amigos e tolos.

O empreendedor busca recursos financeiros junto ao seu ciclo familiar e de amigos para investir no seu negócio justamente porque as linhas de crédito dos bancos e de outras instituições financeiras são restritas e quando disponíveis têm juros muito elevados. De acordo com Nascimento, “os 3F são as principais fontes de financiamento do setor quando o empresário precisa”. 

Segundo ele, uma alternativa para aportar recursos financeiros no setor seria a modalidade Private Equity (PE). Este modelo “alternativo” tem ganhado espaço no Brasil e é um tipo de investimento direcionado para empresas que estão começando no mercado, mas que já demonstram potencial de crescimento consistente e retorno financeiro.

A modalidade poderia então funcionar bem para o self storage, que é um segmento que vem apresentando crescimento sustentável, mas a pulverização do setor pode dificultar a estruturação financeira nesta modalidade. “O que temos no Brasil são duas empresas investidas por Private Equity com projetos tipo greenfield ou majoritariamente capital próprio o que limita o crescimento do setor”, explica.

As empresas que são investidas por (PE) são as que têm mais possibilidade de acessar alguma linha de crédito junto às instituições financeiras. Segundo o dirigente da Asbrass, atualmente no Brasil o grande desafio é “conectar as empresas de self storage com os bancos e fundos de investimento”.