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Perspectivas futuras para o mercado de Self Storage

“As perspectivas estão apontando para cima, principalmente num segmento que está procurando crescer baseado em boas práticas e no diálogo entre os empreendedores”, diz Cohen

Por Márcio Norberto

O setor de self storage, desde 2014, vem crescendo de maneira constante e significativa, no Brasil. Especialmente nos dois últimos anos – devido ao contexto de pandemia e novas demandas trazidas por ela, além de mudanças comportamentais da sociedade –, o desenvolvimento deste mercado tornou-se ainda mais robusto e visível. Para esta constatação, basta olhar as pesquisas de acompanhamento que são realizadas trimestralmente pela Associação Brasileira de Self Storage (ASBRASS), que representa a categoria. Mesmo sendo um segmento resiliente e acostumado a operar em cenário adverso como, por exemplo, numa economia retraída, há bastante trabalho pela frente para que o setor continue se desenvolvendo e com isso se mantenha nesta escalada de crescimento. Sobre as perspectivas futuras para o mercado de self storage, conversamos com Rafael Cohen, presidente da ASBRASS, e que desde 2009 vem atuando no segmento.    

ASBRASS: Os setores produtivos reagem às demandas que surgem da sociedade, no caso da atividade de self storage não é diferente. Na perspectiva de crescimento, como o setor pode se preparar para identificar e se adequar às novas necessidades sociais e aqui nos referimos às necessidades de pessoas e empresas?

RC: O setor pode se preparar fazendo o que todo bom empreendedor deve fazer: ouvir o chamado do mercado, buscar entender as necessidades das pessoas, para onde as cidades estão crescendo, evoluindo e que tipo de situação elas demandam. Imóveis pequenos precisam de espaço. A questão da famosa logística de última de milha precisa também de uma solução e o self storage pode se colocar como tal, apesar de precisar de adaptação para isso. Hoje em dia o tradicional usuário de self storage não convive bem com esta questão da logística de última milha porque ela traz um movimento muito intenso dentro das operações, mas podemos pensar em unidades totalmente focadas neste nicho. Os empresários, na medida em que entenderem as demandas que se apresentam, entregarão as respostas como acontece em todo lugar onde há a livre iniciativa e empreendedorismo.

ASBRASS: No dia a dia, que iniciativas diferenciadas por parte dos operadores podem contribuir para a continuidade do crescimento do setor?

RC: Os operadores têm um largo espaço para criarem diferenciações entre suas operações, cada uma pode ter uma caraterística. Operações baseadas no autoatendimento, isto é, automatizadas digamos assim. Outras podem criar self storages temáticos como existem no exterior, por exemplo, para artigos de arte, pintura e escultura. Podem ter operações para guardar vinhos; depósito de refrigerados. A imaginação não tem limite. A competição fará com que se potencialize e se tenha muito mais opção para o usuário e muita oportunidade para ao investidor.

ASBRASS: A regulamentação da atividade de self storage é um aspecto que pode contribuir para a sequência do desenvolvimento do setor, por quê?

RC: A regulamentação não só pode como contribuirá, ela é fundamental para que haja mais segurança jurídica para que as pessoas possam investir de peito aberto e que os investimentos sejam canalizados para setores produtivos do negócio. Hoje existem várias empresas provisionando capital para eventuais pagamentos de multa em questões que existem com as prefeituras municipais que querem cobrar ISS. Existe muita dúvida com relação à responsabilidade, então uma regulamentação bem feita fará com que as condições fiquem as mais adequadas possíveis para que o capital migre para este setor e faça com que ele cresça como tem acontecido em mercados mais maduros ao longo do tempo.

ASBRASS: No que se refere à evolução do segmento nos próximos anos em termos de inovação e de novidades que podem contribuir para a manutenção e crescimento, quais seriam as tendências?

RC: A tendência é de que o setor continue crescendo porque existe um largo espaço para isso, nós estamos num mercado praticamente virgem, então as perspectivas estão sempre apontando pra cima, principalmente num segmento que está procurando crescer baseado em boas práticas, no diálogo entre os empreendedores, um diálogo saudável em que a questão principal é como oferecer a melhor solução e não criar “grupinhos”, muito pelo contrário, é diversificar o máximo, buscar entender quais são as necessidades locais e oferecer a resposta para aquilo que as pessoas estão procurando. Então, sou um otimista em relação a isso, trabalho com self storage desde 2009 e vejo o mercado crescer de maneira bastante positiva e diferente de outros segmentos que já atuei, com muita colaboração, muita troca de experiência e principalmente algum engajamento no sentido de construir um ambiente favorável para que o negócio prospere.

ASBRASS: Em termos de crescimento do mercado de self storage, o que é possível projetar no médio e longo prazos (de dois a cinco anos)?

RC: Digo que entre dois e cinco anos o mercado se não triplicar certamente mais que dobrará. As pessoas estão adorando a solução, estão tirando partido dela, estão sabendo usar e estão criando novas formas de utilizá-la. Então, a minha expectativa e espero que ela se concretize é que o setor cresça de forma sustentável e consistente ainda por muito tempo aqui no Brasil.

ASBRASS: Para finalizarmos, o contexto econômico nacional impacta na atividade e de que forma?

RC: O cenário econômico certamente afeta porque hoje em dia vivemos um momento muito turvo em relação à economia, inflação alta, juros altos; então o capital se retrai um pouco, porém o self storage é conhecido como uma atividade à prova de crise e ela tem demonstrado isso desde 1960 nos Estados Unidos, lá ela cresce a taxas constantes. Eu acredito que no Brasil não será diferente, é uma atividade que performa bem na crise, onde ela serve de auxílio para as empresas guardarem temporariamente seus equipamentos, mobiliários e documentos, como também num momento de prosperidade onde ela serve como uma reserva de espaço para estoque. Mas, de qualquer forma, mesmo sendo um setor resiliente a economia sempre impacta e acredito que num cenário de economia estável poderíamos atrair muito mais investimento do que estamos atraindo hoje.