Modelo de franquia brasileiro se internacionaliza chegando ao Chile, Paraguai e Estados Unidos

O self storage é um nicho de mercado que vem protagonizando crescimento consistente e gerando muitas oportunidades de negócio. Mesmo neste contexto duradouro de pandemia, o setor se mostrou resiliente e novas possibilidades surgiram porque os modos de vida passaram também por transformações. Empresas e pessoas precisaram de espaços não apenas para armazenar coisas, mas para guardar e preservar com segurança materiais diversos e objetos pessoais.
Passado o impacto inicial da pandemia, o mercado buscou se adaptar e cresceu mesmo na crise. Foi assim com a Guarde Mais (G+), empresa curitibana de self storage que nasceu em 2010 e uma década depois se tornou o maior sistema de franchising do mundo em número de unidades, segundo o que nos contou o proprietário e CEO da marca, Alberto Neto, a partir de números da Associação Brasileira de Franchising (ABF).
De acordo com o empresário, foram dois anos testando intensamente o modelo de negócio em duas unidades-piloto, trabalhando nelas com alto índice de ocupação, próximo aos 92%, para depois iniciar o processo de expansão. “Hoje, além da consultoria de campo contínua, marketing orientado, projetos de implantação e devido a capilaridade da nossa rede, criamos uma força comercial muito grande com clientes âncoras, o que permite um “breakeven” acelerado ao nosso time de franqueados”.

O empresário é otimista e vislumbra um horizonte positivo no futuro próximo. “Enxergamos uma estrada recheada de oportunidades para os próximos anos no Brasil e na América Latina”, diz. O que sinaliza para o plano de expansão da marca para outros países, que já começou. O empresário conversou com exclusividade com a equipe de redação da Associação Brasileira de Self Storage (ASBRASS) e contou sobre seu negócio.
ASBRASS: Para começar nosso bate-papo gostaria que comentasse como está o setor de negócios de self storage no Brasil?
G+: Aqui é muito comum em nosso dia dizermos que tudo está apenas iniciando. Enxergamos uma grande estrada recheada de oportunidades para os próximos anos, tanto no Brasil quanto nos demais países da América Latina. O mercado está se desenvolvendo e percebemos que o público está conhecendo e começando a entender como funciona e como pode ser útil o uso de um self storage no seu cotidiano, isso tanto para pessoas quanto empresas.
ASBRASS: Em relação às franquias deste segmento, como está o mercado, sobretudo por conta do momento político e econômico que o Brasil está atravessando? Na sua opinião, é um momento favorável para o modelo de negócio?
G+: Para um mercado ainda novo no Brasil é algo muito surpreendente e não deixa de ser uma motivação para todo o setor, dando sinais do que vem pela frente. É a segunda crise econômica que atravessamos e mais uma vez o mercado se mostra “atrevido” e resistente a momentos mais difíceis, seguimos crescendo de forma exponencial em todas as regiões seja em locações ou agências, 50% do nosso crescimento nesse ano já foi orgânico, ou seja, atuais franqueados construindo novas unidades e entrando em novos territórios. A demanda cresce a cada dia, temos a expectativa de dobrarmos o número de nossas operações no Brasil nos próximos 4 anos.
ASBRASS: A empresa desenvolveu um modelo de franquia que despertou o interesse de empreendedores em várias cidades do Brasil e dizem que a G+ é bastante acessada por investidores, pode nos contar um pouco sobre este modelo, sobre a operação do seu negócio e como o modelo é replicado?
G+: Quanto ao interesse dos investidores, encaramos de forma muito natural e cientes de que algo de bom estamos realizando para isso acontecer. Tudo está no começo, cada semana a gente chega em algum canto do país desenvolvendo e abrindo um self storage. Somos incansáveis. Nossa regra é olhar sempre pra frente, ajudando o desenvolvimento do mercado, com certeza em algum momento os frutos serão colhidos. Quanto à proposta de franqueabilidade, desde o início era para ser uma ajuda para quem quer montar um self storage, fugindo de sermos uma franqueadora tradicional que muitas vezes engessa e suga todo o sistema. Nosso modelo de negócio foi desenvolvido para não sermos um peso financeiro para os nossos franqueados, pelo contrário, a melhor definição seria de parceria comercial; modelo esse que já serviu para outras franqueadoras de diversos setores. Em resumo, somamos nosso conhecimento de mercado com o conhecimento do nosso parceiro em sua região seja comercial ou até mesmo cultural, trata-se de uma combinação quase perfeita, na sequência sempre testamos e apoiamos coisas novas com nossos franqueados o que não da certo a gente engaveta, o que vira sucesso replicamos para todos.
ASBRASS: Hoje são quantas franquias? Qual região do país se concentra o maior número delas?
G+: Atualmente temos 71 unidades no Brasil, das quais 65 são franquias e outras seis próprias. Nunca tivemos uma prioridade de regiões, mas, consequentemente a maioria delas está concentrada na região sul e sudeste; além disso, estamos dando início a internacionalização da marca com franquias em Santiago no Chile, quatro operações em Assunção no Paraguai e uma unidade em Daytona no Estados Unidos, nossa previsão é fecharmos o ano que vem com aproximadamente 105 unidades expandindo para outros continentes.
ASBRASS: Qual o perfil do seu franqueado?
G+: Geralmente o empresário com forte apelo comercial que já possui outras empresas e busca um negócio seguro pensando no seu futuro. Ao mesmo tempo temos um timaço de jovens empreendedores nos quais acreditamos possuírem um grande potencial de crescimento e muita inovação.
ASBRASS: Para finalizar, gostaria que comentasse se o contexto da pandemia foi desfavorável ao seu negócio e como você avalia o momento pós-pandemia para a Guarde Mais e seus franqueados?
G+: Comercialmente falando em todo o período de pandemia nunca fechamos no prejuízo, houve um crescimento, porém, de forma mais tímida. Já no início da pandemia foi muito preocupante, ficamos quatro meses sem vender franquias, esperando como o mercado se comportaria e então de forma geral nossas operações foram se mostrando resilientes e com o avanço do e-commerce tivemos um grande aumento em nossas locações. Já em 2021, com excessivos lockdowns tivemos um impacto grande no número de rescisões a maioria por pessoas físicas buscando equalizar suas economias, acreditamos e torcemos para a volta da normalidade no próximo ano.
ASBRASS: O que vem pela frente no seu mercado?
G+: Muita inovação, incrementação de tecnologia não só na gestão do negócio e sim serviços voltados para o cliente, o mercado está amadurecendo e se popularizando, quem se adaptar a essas novas tendências encontrará muitas oportunidades.