Segundo pesquisa mais recente sobre o setor, os números são positivos com aumento de empresas, de operações e redução da vacância
Por Márcio Norberto
Trimestralmente a Associação Brasileira de Self Storage (Asbrass) divulga os resultados da pesquisa que monitora o setor no Brasil. Este acompanhamento fornece aos empresários associados da Asbrass dados que podem ser utilizados na gestão dos seus negócios.
De acordo com o último levantamento realizado pela Brain Inteligência Estratégica em 98 cidades localizadas em todas as regiões do Brasil, o terceiro trimestre de 2022 fechou com números superiores em relação ao mesmo período do ano anterior. E, quando o comparativo é realizado com os demais trimestres de 2022, o terceiro mostra crescimento em relação aos anteriores.
Para quem acompanha de perto o segmento de self storage sabe que esta evolução vem de alguns anos. Para dirigentes e especialistas, o cenário é de continuidade no crescimento. De acordo o presidente da Asbrass, Rafael Cohen, os números demonstram que o mercado demanda o tipo de solução ofertada pelo self storage e a evolução do setor continua. “O mercado tem necessidade desse tipo de solução, vamos continuar crescendo, estamos muito longe do platô”, afirma.
Segundo Cohen, há espaço para novas empresas chegarem ao mercado e muitas cidades brasileiras não contam ainda com esta solução. Além disso, para o presidente o self storage ainda não faz parte da cultura de consumo dos brasileiros, por isso também tem espaço para desenvolvimento. Outro aspecto salientado pelo dirigente da associação e que corrobora com a tendência de crescimento é o incremento da atividade com novos usos. “O self storage está sendo incrementado a partir de novas utilizações demandadas por empresas e microempreendedores que utilizam a solução, o que potencializa ainda mais essa perspectiva de crescimento”, analisa.
Nesta mesma linha, o sócio fundador da Brain e responsável pela pesquisa, Marcos Kahtalian, pontua que o segmento de self storage continuará em ascensão nos próximos anos, entre outras razões devido ao reaquecimento do setor de serviços que responde por mais de 70% da economia nacional.
Outro aspecto apontado por Kahtalian para reforçar a continuidade no crescimento do setor de self storage é a demanda das famílias por apartamentos menores, característica que vem aparecendo em pesquisas do mercado imobiliário. Interesse nesse tipo de imóvel gera necessidade de espaço para armazenamento de objetos, o que leva as famílias a buscarem soluções como a ofertada pelo self storage.
“Vejo o mercado de self storage em crescimento. O setor de serviços voltou ao normal e responde por 70% da economia brasileira. Esse setor implica uma vida urbana intensa e dinâmica, aumentando o comércio eletrônico, o uso dos aplicativos de entrega urbana, o que impulsiona o crescimento do mercado de self storage como local de armazenagem de produtos para fazer a última milha. Outro aspecto que impulsiona o crescimento do setor é o interesse das famílias por apartamentos menores. À medida em que as famílias vão para apartamentos menores há a necessidade de espaço e o self storage atende muito bem a esta necessidade, seja ela temporária ou permanente”, analisa Kahtalian.
Dados de pesquisa
Segundo pesquisa, atualmente são 250 empresas em funcionamento no mercado, 522 operações e mais de 179 mil boxes. A vacância média no Brasil é de 16,8%. O número atual de empresas no terceiro trimestre de 2022 representa um aumento de 24% em relação a igual período de 2021.
Em relação às operações, no terceiro trimestre de 2022 elas representam 31% a mais na comparação com terceiro trimestre de 2021.
O indicador número de boxes ofertados cresceu significativamente no terceiro trimestre de 2022, e representa um avanço de 32% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Para se somar a este cenário positivo, a pesquisa indica que houve redução da vacância média nacional, que ficou em 16,8% no terceiro trimestre de 2022. A vacância é 19% menor em relação ao terceiro trimestre de 2021.
Perspectivas
De acordo com os números e leitura de mercado dos especialistas, o setor continuará crescendo não somente em 2023 como nos próximos anos. Há ainda um longo caminho a ser percorrido no desenvolvimento e provavelmente o principal aspecto, conforme destacado por Cohen, é tornar o self storage mais conhecido do público, apresentar os diferentes usos desta solução.
“As perspectivas para 2023 são positivas. Além de tornar o setor mais conhecido das pessoas é um ano que também precisamos consolidar a questão da legislação, temos feito um intenso trabalho em diferentes cidades como Curitiba, Rio de Janeiro e Brasília e vamos buscar fazer também em outros municípios para tentar reduzir a insegurança jurídica que ainda paira sobre o negócio”, analisa Cohen.
Para o CEO da Guarde Perto Self Storage, Rodolfo Delgado, é necessário consolidar uma legislação para que o setor possa ter mais segurança e atrair novas empresas e investimentos. “O maior desafio é consolidar uma legislação própria que trará mais segurança ao setor, fomentando novos investimentos e desenvolvimento. Mais soluções serão agregadas, gerando novas oportunidades e comodidade aos usuários”, comenta.
Trabalho é o que não falta para fortalecer o setor e neste ano outro objetivo que está na pauta é intensificar o diálogo com o sistema financeiro para financiamento do segmento. “Precisamos mostrar aos agentes financeiros exatamente o que fazemos e que embora nossas locações sejam temporárias conseguimos criar receitas constantes que podem servir de garantia para uma alavancagem maior do setor”, enfatiza Cohen.