De acordo com especialista do setor, em 2021 houve aumento na contratação de seguros, mas o trabalho de conscientização ainda é necessário
Por Márcio Norberto
Como todos os ramos de atividade empresarial, o de self storage, que vem consolidando sua expansão no Brasil em termos de operações, de oferta de boxes e de novas empresas, a proteção do patrimônio sempre merece atenção especial do empresário. Proteção do patrimônio pessoal e, ao mesmo tempo, oferecer segurança ao cliente que realiza a locação do espaço para guardar diferentes tipos de produtos.
Muitas vezes, na hora de pensar o ponto de equilíbrio entre proteção e custo, a decisão acaba pendendo para o racional; o que de certa forma não é uma questão circunstancial devido ao momento da economia brasileira, mas um comportamento que predomina de modo geral na cultura dos brasileiros, seja para questões de natureza empresarial como para aquelas de foro pessoal. Contratar um seguro, ainda não é prioridade, pois ele entra na planilha de custo e não é pensado como forma de investimento que garante a permanência e sobrevida do empreendimento em caso de sinistro.
No segmento de self storage, o entendimento sobre contratar um seguro não é muito diferente; muito embora, segundo o especialista em seguro para self storage, Alexandre Scanferla, da JR & Marto, a adesão a produtos vem aumentando gradativamente entre os empresários, mas o processo de conscientização precisa ser mais trabalhado. No ano passado, a contratação de seguro cresceu de 20% a 25%, de acordo com o especialista.
“Ainda é necessária uma conscientização mais ampla dos empresários, eles estão trazendo o seguro para dentro do self storage, mas ainda precisa haver maior conscientização. De modo geral, os empresários continuam associando o seguro à ideia de custo para o negócio, mas ao contrário, o seguro vai trazer a permanência do negócio após um sinistro, como se tem acompanhado em alguns casos”, explica Scanferla.
Riscos mais comuns aos quais o self storage está exposto
Em recente artigo publicado na Newsletter ASBRASS e depois disponível no site da Associação, Rafael Cohen chama a atenção sobre a importância da manutenção dos espaços, pensando na conservação e vida prolongada das instalações. O que ele chama de cultura do “fazer”, que se tem no Brasil, mas não do “manter”.
No dia a dia, os maiores riscos aos quais as unidades de self storage estão expostas se referem a situações triviais que poderiam ser evitadas num processo de manutenção. Scanferla conta que 90% das ocorrências resultam de vazamentos e o pior, são aqueles que não têm cobertura da seguradora.
“Não há cobertura nesses casos de vazamento que normalmente ocorrem por falta de manutenção da unidade de self storage. É uma telha que escapou, a manutenção da calha que não ocorreu. Às vezes o próprio dono do self storage é pego de surpresa. Há situações em que o cliente só vai perceber a ocorrência meses depois quando vai retirar o material que foi guardado e está molhado e embolorado em decorrência de um vazamento”, comenta Scanferla.
O especialista indica ainda outra ocorrência comum, alagamento nos boxes, que não entra na cobertura das seguradoras. “O alagamento, que é a água que vem debaixo pra cima, é uma ocorrência que acontece com certa frequência e não tem cobertura”, informa. Segundo Scanferla, tem-se buscado aprimorar os produtos de seguro e incluir esses dois tipos de coberturas para situações bastante frequentes.
Os produtos mais comuns e que são contratados pelos empresários, de acordo com o especialista são aqueles relacionados a incêndio, vendaval e roubos.
Players no mercado
Até pouco tempo atrás, quatro grandes players ofertavam produtos de seguro voltados ao segmento de self storage com atendimento nacional. Recentemente, a Porto Seguro saiu do segmento (a seguradora continua atendendo as estruturas dos self storage, as instalações), mas deixou de atuar com seguro que protege os itens que estão guardados nos boxes.
Não mais ofertar especificamente este tipo de produto pela seguradora ocorreu, segundo Scanferla, devido à entrada de uma grande concorrente no setor, fazendo com que o preço do produto caísse bastante e com isso não se tornou mais atrativo para a Porto Seguro permanecer neste mercado.
O especialista conclui considerando que as operações de self storage precisam avaliar a necessidade de contratação do seguro por parte do cliente no momento da locação do box. “Não se trata de fazer venda casada e sim dizer ao cliente que ele precisa fazer um seguro na unidade que está sendo locada, independente se ele quer contratar o seguro com outra companhia. Isso é importante para o ramo de self storage e consequentemente para melhorar os produtos e preços junto às seguradoras”, analisa Scanferla.