Assim como no Brasil, no Reino Unido o segmento mostra também constante crescimento; os dois mercados apresentam similaridades e diferenças

Foto divulgação
Por Márcio Norberto
Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte compõem a união política denominada Reino Unido. Em 2020, o grupo de países com aproximadamente 67 milhões de habitantes e representando a segunda maior economia da Europa, deixou a União Europeia, o que ficou conhecido como Brexit. Por lá, o setor de self storage, assim como no Brasil, mostra crescimento constante há pelo menos quatro anos. Neste artigo, vamos apresentar os principais destaques do setor nesta região europeia e traçar alguns paralelos com a atividade no Brasil. O objetivo é mostrar que há certas similaridades e algumas diferenças em relação aos dois mercados.

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No Reino Unido, os empresários do setor são também representados por uma entidade da categoria, a Self Storage Association (SSA-UK). Segundo dados da Associação, atualmente são mais de 600 membros filiados. A SSA atua, entre outras frentes, mapeando o setor para levantar dados, fornecer suporte, conhecimento e orientações aos associados. Além disso, trabalha na interlocução junto ao poder público para pleitear a regulamentação da atividade. Sim, o self storage por lá não tem legislação própria. De acordo com a SSA, existe um documento em âmbito europeu formulado há 15 anos, mas que hoje não representa mais o modelo atual e as novas demandas da atividade.
A falta de legislação própria para atender às necessidades da atividade é também a realidade no Brasil. E, como sabemos, não ter regulamentação específica acaba limitando o avanço do setor no sentido de um ambiente de negócio saudável e com segurança jurídica para tração do negócio e despertar o interesse de investidores. A Asbrass, em parceria com empresários, tem mobilizado agentes públicos e debates em diversas regiões para apresentar o self storage, dados do setor, para que o poder público entenda a importância da atividade.
Conhecimento da sociedade
Segundo a pesquisa da Self Storage Association com dados de 2022, 51% da população do Reino Unido disse ter bom conhecimento sobre o segmento de self storage. É um número expressivo da população que conhece a atividade e as soluções que ela pode oferecer. Aqui no Brasil, segundo nossa percepção do setor e em contato com empresários e gestores, o conhecimento da população ainda é baixo em relação aos espaços de autoarmazenamento.
Perfil do cliente
Quanto ao perfil do cliente no Reino Unido – pessoas e empresas –, a pesquisa não apresentou detalhamento em termos percentuais sobre qual é o maior público, mas registrou que, entre os clientes empresariais, 83% são microempresários do ramo varejista. Esta é uma realidade também encontrada no Brasil cujos clientes pessoa jurídica são em sua maioria formados por pequenos e microempresários com seus negócios funcionando no ambiente digital e dessa forma buscam no self storage o espaço para gerir o estoque e a distribuição dos produtos.
O self storage é um modelo de negócio para simplificar a vida de quem busca essa solução, por isso mesmo, de acordo com dados da pesquisa da SSA, os clientes preferem também realizar a contratação e o pagamento de maneira totalmente online, foi assim que 75% dos entrevistados disseram proceder. O mercado no Reino Unido, assim como no Brasil e em outras partes do mundo, vai ditando este tipo de tendência para tornar o processo cada vez mais prático, rápido e do jeito que o cliente quer.
Dados de mercado
A pesquisa no Reino Unido mostrou que o preço médio por metro quadrado e a vacância naquele mercado são próximos ao que a pesquisa brasileira identificou por aqui. Naquela região, o preço médio foi de £27,00 euros no ano passado, convertendo para a moeda brasileira nos dias de hoje o valor equivale a R$145,00 reais. No ano passado, o preço médio no Brasil foi de R$110,00 reais.
Também no fechamento de 2022, o percentual de vacância no Reino Unido ficou em 16,7%, praticamente igual aos números divulgados pela Asbrass, que mostrou uma vacância de 16,5% no mercado nacional. Se formos considerar o tamanho da população brasileira e a percepção de conhecimento local sobre self storage, a taxa de vacância por aqui pode ser considerada muito baixa em relação ao Reino Unido.
Assim como há aspectos que mostram certa similaridade entre os mercados, existem também pontos de diferença. Conforme a pesquisa da SSA, os dados de 2022 mostraram o funcionamento de 2.231 operações e aqui no Brasil, segundo números da Asbrass no mesmo período eram 532 operações. Em relação ao número de empresas, há também uma diferença expressiva. No ano passado no Reino Unido eram 1.086 e no Brasil um total de 260.
Diante dos números sobre o setor no Reino Unido que destacamos aqui, é possível verificar um mercado forte, sustentável e que guarda algumas semelhanças com a atividade no Brasil. Provavelmente, o aspecto da legislação é o que chama mais atenção quando pensamos que se trata de um conjunto de países que forma a segunda maior economia da Europa. Independente das realidades distintas sob vários pontos de vista, a legislação própria é fundamental para continuidade do desenvolvimento do setor no Reino Unido e no Brasil.