‘O segmento de Self Storage, que se mostrou resiliente e se adaptou rapidamente às novas necessidades do consumidor frente à pandemia, tem espaço para crescer’, diz presidente do Secovi SP
Por Márcio Norberto
Oportunidades e desafios estão sempre presentes no mundo dos negócios. E, no de Self Storage, não poderia ser diferente. Esse mercado vem alcançando êxito, de maneira consistente e sustentável, há pelo menos quatro anos consecutivos; pesquisas trimestrais de acompanhamento da atividade mostram a performance.
Fatores de natureza diversa e em alguma medida interligados contribuem para um cenário de oportunidades: mudanças no comportamento social; avanços tecnológicos; novos modelos de trabalho, modelos de negócio, entre outros.
Na esteira deste cenário positivo há desafios a serem suplantados e o aspecto da regulamentação da atividade, visando um ambiente de negócio mais saudável aos empresários, é uma das pautas mais importantes para o segmento de Self Storage no Brasil. Para falar sobre oportunidades e desafios no setor, além de temas que influenciam diretamente no desenvolvimento da atividade, como questões macroeconômicas do Brasil, conversamos com o presidente do Secovi-SP, Rodrigo Luna.
Foto divulgação Secovi-SP
ASBRASS: Gostaria que comentasse sobre o cenário positivo do setor de Self Storage no Brasil. De acordo com pesquisas realizadas regularmente pela Asbrass para acompanhamento do mercado, o Self Storage vem mostrando crescimento consistente e sustentável, na sua leitura a que se deve este cenário positivo?
RL: Estamos passando por uma grande transformação no comportamento da sociedade, impactada diretamente pelo avanço tecnológico e digital. Além disso, o encarecimento da habitação por conta das restrições urbanísticas e da inflação dos últimos anos, tem produzido espaços mais compactos e valorizados. Somado a esses fatos, a pandemia de Covid-19 também contribuiu fortemente para o crescimento da atividade de Self Storage nos últimos três anos. Com o distanciamento social, surgiram novas possibilidades e grandes oportunidades para o segmento, motivadas por mudanças, adaptações e reforma nos imóveis, bem como pela expansão do e-commerce.
ASBRASS: Você avalia que o mercado de Self Storage no Brasil continuará crescendo nos próximos anos e o ambiente será bom para novos negócios?
RL: A depender do comportamento do mercado imobiliário, são inúmeras as oportunidades, com destaque para o segmento de imóveis pequenos, potencial gerador de clientes às empresas de Self Storage. Segundo dados do Secovi-SP, foram lançadas 361 mil unidades e comercializadas 300 mil unidades residenciais novas na cidade de São Paulo entre janeiro de 2016 e novembro do ano passado. Imóveis com menos de 45 m² de área útil responderam por 69% do total de lançamentos e vendas no período. Ou seja, uma fatia importante a ser trabalhada, além de tantas outras. O segmento de Self Storage, que se mostrou resiliente e se adaptou rapidamente às novas necessidades do consumidor frente à pandemia, tem espaço para crescer.
ASBRASS: É possível afirmar que hoje o setor é visto como viável para investimento diante deste cenário de crescimento?
RL: Consolidada por meio do crescimento sustentável, a atividade de Self Storage se torna cada vez mais atrativa para investimentos. Com um ambiente de negócios adequado, previsibilidade, legislação condizente, condições macroeconômicas favoráveis e segurança jurídica, certamente eles serão viabilizados.
ASBRASS: O aspecto da regulamentação da atividade vem sendo debatido em eventos e fóruns do setor. Para os empresários é fundamental a regulamentação para que haja um ambiente saudável para o negócio. Em algumas cidades como Rio de Janeiro e Curitiba a pauta está sendo debatida nos âmbitos executivo e legislativo. Na sua leitura, este tema é um desafio para o setor?
RL: A regulamentação é um desafio que se impõe a qualquer atividade econômica. É fundamental no sentido de estabelecer parâmetros, critérios e limites de atuação, evitando riscos ao negócio e proporcionando condições mais adequadas para a atuação dos empreendedores. Neste processo, é importante que entidades representativas contribuam com subsídios e conhecimento técnico, uma vez que conhecem demandas, operação, características, enfim, todos os detalhes da atividade. O papel da Asbrass tem sido relevante neste sentido.
ASBRASS: Pensando no aspecto da sustentabilidade e da mobilidade, sobretudo nos grandes centros urbanos, os modelos de negócio que são alinhados a esses conceitos e práticas são geradores de boas oportunidades. O Self Storage se coloca desta forma no mercado? Este tipo de mentalidade seria um diferencial da atividade?
RL: Com certeza, é um diferencial importante. Além de contribuir para a necessária qualidade de vida urbana, com toda essa transformação digital que o mundo vem atravessando, oferecer agilidade é condição fundamental para conquistar e reter clientes, em qualquer segmento.
ASBRASS: Quais desafios e oportunidades são possíveis mensurar para o setor nos próximos anos?
RL: Reconduzir o Brasil aos trilhos do crescimento e do desenvolvimento econômico consiste em um grande desafio, que demanda ações de curto, médio e de longo prazo. Neste momento, com pouco mais de um mês sob nova gestão nos Executivos estaduais e federal, ainda há uma certa insegurança entre os empresários e a sociedade como um todo. Por outro lado, cabe destacar que a pacificação entre os poderes constituídos foi um sinal de alento aos brasileiros, após um período de intensa polarização. A manutenção do ambiente harmônico entre os poderes tem importante significado, sobretudo no que se refere à relação entre o governo federal e o Congresso Nacional, já que estarão em discussão pautas relevantes para a adequada condução das políticas públicas necessárias para a retomada do crescimento e a atração de investimentos. Para o setor imobiliário de maneira geral, as expectativas se concentram na gradativa redução da taxa básica de juros, no controle da inflação, na manutenção dos recursos para financiamento de imóveis e nos necessários ajustes para a continuidade e ampliação das contratações no âmbito do programa Minha Casa, Minha Vida.