‘O mercado imobiliário vem apresentando um bom resultado para o ano de 2023’, diz economista-chefe do Secovi-SP
Por Márcio Norberto
O ano de 2023 está chegando na reta final e mesmo diante de todos os desafios que a economia brasileira enfrentou até aqui, o setor imobiliário se manteve resiliente e otimista em relação aos resultados que poderia alcançar. Uma das apostas do setor foi depositada na habitação de interesse social que, após algumas mudanças promovidas pelo atual governo, influenciaram positivamente o segmento.
A redução da taxa Selic, promovida pelo Banco Central desde agosto e a tendência de continuidade de queda, terá reflexo nas atividades imobiliárias, porém será sentida a partir de 2024. O setor de self storage segue também embalado com a recuperação da economia do país. Para falar sobre alguns aspectos da economia brasileira no decorrer deste ano e os impactos na atividade imobiliária, esta edição da News Asbrass conversou com Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.

Celso Petrucci, Economista-Chefe do Secovi-SP
Asbrass: Faltando pouco mais de dois meses para o encerramento do ano, como deverá ficar os números da atividade imobiliária?
CP: O mercado imobiliário vem apresentando um bom resultado para o ano de 2023. A cidade de São Paulo registrou um crescimento de 8,6% nas vendas de imóveis residenciais novos. No acumulado de janeiro a agosto, apesar da redução de 11% nas unidades lançadas no mesmo período, demonstra que a demanda por imóveis permanece resiliente. Para o encerramento do ano, os lançamentos devem apresentar estabilidade ou uma redução de até 5% em relação as 75,7 mil unidades lançadas em 2022. Já as vendas devem superar as 63,9 mil unidades do ano anterior, influenciado principalmente, pelo aumento da participação do Programa Minha Casa Minha Vida no segundo semestre do ano, após as adequações feitas pelo Governo na curva de descontos e aumento dos limites.
Asbrass: O Banco Central realizou duas reduções consecutivas da taxa Selic e a expectativa é que haja outra redução na próxima reunião do Copom. Com o juros em queda, quando o consumidor começará a sentir efetivamente o efeito real da redução?
CP: A sinalização dada pela queda da taxa Selic nas duas últimas reuniões do Copom foi muito importante para a mudança nas expectativas do mercado, porém, para que as quedas havidas e as que haverão daqui para frente reflitam efetivamente no consumidor de imóveis, ainda teremos que esperar a partir do segundo trimestre de 2024.
Asbrass: Especificamente em relação às atividades imobiliárias, como a redução da Selic impacta o setor?
CP: Quanto mais baixa for a taxa de juros do financiamento imobiliário, mais famílias se tornam elegíveis para a tomada do financiamento, aumentando a demanda potencial por imóveis.
Asbrass: Sobre a atividade de self storage, de acordo com pesquisas realizadas regularmente pela Asbrass para acompanhamento do mercado, o setor mostra crescimento constante em relação a operações, número de empresas e de boxes. Na sua avaliação, a que se deve este cenário positivo nos últimos anos?
CP: A recuperação da economia do país nos últimos anos e o aumento da confiança impactam positivamente no setor. Além disso, a tendência de diminuição dos imóveis, principalmente em grandes cidades, acaba gerando uma demanda maior por locação de espaços para armazenamento adicional. As empresas também passaram a procurar o self storage como alternativa para diminuição de seus custos com armazenamentos, tendo locado apenas o espaço necessário.
Asbrass: Qual a parcela de contribuição do setor de self storage para a atividade imobiliária como um todo?
CP: A cada ano o setor de self storage passa a ser mais relevante dentro do mercado imobiliário comercial, gerando empregos e contribuindo para o crescimento da atividade imobiliária.
Asbrass: Você estará na 9ª edição do evento Brasil Expo Self Storage no paínel sobre “Perspectivas Econômicas para 2024”. Do ponto de vista da economia, quais projeções é possível realizar para as atividades imobiliárias no próximo ano, incluindo o self storage?
CP: O setor imobiliário deve continuar tendo um bom desempenho em 2024 devido à demanda existente no país, às expectativas de crescimento da economia e queda nas taxas de juros. Por ser um setor relativamente novo no país, aliado às expectativas econômicas e as mudanças observadas no comportamento do consumidor (troca de imóveis, home office, aumento das vendas do varejo online), que foram aceleradas com a pandemia da Covid-19, há espaço para o crescimento das atividades de self storage no país.