Novo Censo mostra que a população brasileira cresceu menos na última década, mas o número de domicílios aumentou

Por Márcio Norberto
Há quase dois meses, no final de junho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os primeiros dados do novo Censo Demográfico 2022. De acordo com os números, a população brasileira cresceu 6,5% em relação ao Censo de 2010, chegando a pouco mais de 203 milhões de habitantes. Na última década, a taxa anual de crescimento da população foi de 0,52%, é o menor crescimento populacional da série histórica desde 1872. Neste período de dez anos, são mais 12 milhões de pessoas. Os números mostraram ainda que existem 124 milhões de pessoas vivendo em concentrações urbanas, o que representa 61% da população.
Se os números indicam um crescimento populacional mais baixo, não foi o que se registrou em relação aos domicílios no país. Esse indicador mostrou crescimento na ordem de 34% em relação ao Censo de dez anos atrás. Segundo os dados, o Brasil tem 90 milhões de domicílios. Na capital paulista, foi registrado um crescimento de 27% dos domicílios na comparação com os dados de 2010.
Os dados do Censo têm impacto direto no desenvolvimento das mais diversas atividades produtivas, sobretudo na última década em que se viveu várias mudanças de natureza política, econômica e social. Por isso, o Censo é importante tanto para o governo planejar e desenvolver políticas públicas em vários âmbitos, quanto para a iniciativa privada também planejar e implementar decisões estratégicas como, por exemplo, ampliar o negócio, realizar investimento, entre outras ações.
As informações sobre a população, suas características e distribuição nas regiões, que são fornecidas pelo Censo, são fundamentais para o mercado de self storage entender a demanda potencial do negócio. De acordo com o sócio fundador e diretor técnico da Brain Inteligência Estratégica, Marcos Kahtalian, os dados do Censo mostram alguns caminhos e oportunidades que o setor pode explorar.
Um dos indicativos, segundo Kahtalian, é observar as cidades que tiveram maior crescimento populacional e, mais do que isso, olhar para o crescimento do número de famílias, de domicílios. “O número de famílias cresceu de maneira muito expressiva e isso significa que são mais domicílios e mais demanda por espaço, o que é favorável para o self storage”, comentou Kahtalian.
O especialista lembra ainda que o perfil dos imóveis e a característica das famílias também foram alteradas ao longo do tempo. “A família está menor e o tamanho médio do imóvel, geralmente apartamento, também diminuiu, com isso vem a necessidade de espaço para armazenar aqueles bens de uso não contínuo que as famílias não conseguem mais guardar em casa pela redução do espaço”, explicou.
Concentração urbana
A alta concentração urbana no país, na ordem de 124 milhões de pessoas, inclusive uma concentração avançando na direção das cidades médias, é outro indicador do Censo para o qual o setor de self storage precisa olhar, pois o segmento está associado à densidade, conforme destaca Kahtalian.
“Quanto maior a densidade, provavelmente maior será a necessidade do self storage. Neste sentido, regiões mais densas têm maior demanda, maior potencial, fazendo sentido pensar a atividade, a colocação de self storage nessas localidades com maior densidade habitacional”, explica.
O especialista chama atenção ainda para o aspecto da regionalização do self storage, isto é, olhar para aquelas cidades do interior, sobretudo as cidades médias, já que 65% do crescimento demográfico, segundo os dados do Censo, se deve a esses municípios. Portanto, em algumas cidades com essa característica o self storage pode fazer sentido.
Segundo Kahtalian, a expectativa é de que demanda pelas soluções oferecidas pelo self storage deva continuar nos próximos anos, mesmo com o encolhimento do crescimento populacional. O mais importante para o especialista é observar em quais concentrações urbanas se verifica a curva de aumento populacional. “A demanda pelo self storage deve continuar pela redução do tamanho de famílias, redução dos espaços e pela crescente urbanização e verticalização”.