‘A principal ação desta gestão foi viabilizar a pesquisa. Além de olhar para o setor, conseguimos ter mais visibilidade e adesão do mercado em relação ao que estávamos praticando’, diz presidente
Por Márcio Norberto
Um segmento em expansão e com tantos desafios como o de self storage ganha mais força e visibilidade quando os interesses de sua comunidade empresarial podem contar com uma sólida representação. No contexto de um país tão grande e diverso como o Brasil, a Associação Brasileira de Self Storage tem trabalhado para criar uma voz coletiva no setor.
Desde 2018, quando a atual gestão formada pelo presidente Rafael Cohen, vice-presidente Marcello Martinez de Almeida, diretor administrativo Fernando Flávio Barreto Nascimento e diretor financeiro Thiago Augusto Cordeiro tomou posse na Asbrass, a diretriz de trabalho esteve focada em disseminar a cultura do self storage e alcançar uma interlocução mais próxima com as esferas públicas de poder para debater a regulamentação da atividade.
Para que esses pleitos tivessem uma base sólida e ancorada na realidade, era necessário conhecer o mercado de maneira detalhada, com mais proximidade e como ele se comportava nas diferentes regiões do país. Era preciso, sem dúvida, ouvir os atores do setor. Então, uma das principais ações desta gestão foi implementar a realização de pesquisas.
Conhecer o mercado
Em parceria com a empresa de pesquisa e consultoria em negócios Brain Inteligência Estratégica, a Asbrass passou a realizar pesquisas trimestrais para acompanhar o setor. “A principal ação desta gestão foi viabilizar a pesquisa. Além de olhar para o setor, conseguimos ter mais visibilidade e adesão do mercado em relação ao que estávamos praticando. Com as pesquisas, o setor se tornou mais conhecido e conseguimos ter entrada junto aos meios de comunicação”, destaca o presidente.
A Asbrass tem esta função de produzir e de disseminar conhecimento sobre self storage. Neste sentido, a associação é ponto de referência e de relacionamento entre mercado e poder público. É dessa forma que o recém associado, cerca de cinco meses, Ricardo José Moredo da GuardeJá Self Storage de São Paulo identifica o trabalho da associação. “A Asbrass tem um importante papel de desmistificar e de popularizar a cultura do self storage no país. Além de atuar como instituição que liga o mercado ao poder público”.
Desafios
Estamos nos primeiros meses de 2024 e praticamente não mais se lê, vê ou ouve a mídia jornalística mencionar, ainda que de maneira isolada, qualquer fato relacionado à pandemia de Covid-19. A impressão é de que tudo ficou num passado já distante. O estado de pandemia internacional foi decretado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 11 de março de 2020 e o fim da emergência de saúde pública global em 5 de maio de 2023.
A pandemia foi o maior desafio recente para todos os setores. Ninguém sabia como lidar com o desconhecido. Dirigentes empresariais e de entidades representativas assim como todos os níveis de colaboradores precisaram se “reinventar”; aliás, esse termo junto com “resiliência” provavelmente foram os mais utilizados. Os desafios decorrentes da pandemia também fizeram parte do setor de self storage. Segundo Cohen, este foi o seu maior desafio à frente da Asbrass porque não havia qualquer referência até então sobre como agir diante de tudo que estava acontecendo.
“As pessoas buscavam orientação e não tínhamos histórico de nada, de como o mercado iria se comportar, então foi uma fase muito difícil. Foi um período de angústia, mas que precisávamos levar respostas aos associados”. Mas o presidente também destaca a superação e que pandemia acabou se tornando um fato positivo para o setor. “Aprendemos a pilotar o avião com ele voando e deu tudo certo”, conta.
Parceria
O trabalho em parceria é salutar para qualquer negócio e na Asbrass não é diferente. Cohen lembra que um dos primeiros objetivos colocados em prática logo que assumiu a presidência foi estreitar os laços com os associados. Segundo ele conta, a participação do associado de maneira mais próxima, expondo suas demandas e conhecendo o trabalho da associação foi uma forma de construir uma associação sólida. “Nosso relacionamento com o associado me deixa bastante agradecido e comovido. Nós entregamos menos do que eles merecem, mas eles têm plena consciência de que sem a construção de uma instituição forte, e isso leva tempo, não conseguimos chegar a lugar algum”, reforça.
A proximidade com o associado vem então direcionando o trabalho da atual gestão, que vê neste modelo uma formar de tratar questões que são comuns entre os empreendedores como, por exemplo, os marcos regulatórios municipais. Esta característica de gestão promove colaboração e intercâmbio de conhecimento, possibilitando aos empresários associados aprendizados, fortalecimento e crescimento coletivo.
Outro parceiro fundamental nestes anos todos, segundo Cohen, é o Secovi São Paulo. A parceria rendeu bons frutos como a criação de importantes fóruns para debater questões jurídicas e tributárias envolvendo o setor, além da realização de grandes eventos como a Expo Self Storage. Estes são alguns exemplos de ação conjunta com o Secovi e que o presidente reconhece como fundamentais para o desenvolvimento do segmento.
Interlocução com o poder público
Uma representatividade forte é fundamental para pleitear os interesses do setor nas diferentes esferas governamentais. Neste sentido, a interlocução da Asbrass com o poder público é outra ação que vem sendo desenvolvida como prioridade na atual gestão. É uma tentativa de assegurar que as iniciativas governamentais (projetos de lei para regulamentação como aconteceu recentemente no Distrito Federal e outros que estão em andamento em Curitiba e no Rio de Janeiro) possam atender o setor de self storage de maneira justa.
“Esta interlocução é importante porque nela encontramos espaço para dialogar, para mostrar o que o setor faz, o que ele representa e assim fomentar conhecimento”, diz Cohen que lembra ainda da recente aprovação da legislação no Distrito Federal. “Tivemos uma grande vitória que foi a aprovação da legislação no Distrito Federal. Este trabalho começou com o deputado João Cardoso (Avante) participando de uma Expo Self Storage e assim conheceu o setor e entendeu sua importância”.
O empresário da GuardeJá considera que a interlocução com o poder público é importante para que os legisladores tenham mais informações sobre o setor. Para Moredo, a Asbrass é fundamental neste processo.
Esta é também a visão do empresário Pedro Ernesto Gondim da CabeBem Self Storage de Recife. Segundo ele, a associação é protagonista no debate junto aos órgãos públicos para pleitar os interesses comuns do setor. “O self storage é novo no Brasil e muitos legisladores não conhecem as características e a dinâmica da operação para que sejam criadas as leis que darão tranquilidade aos investidores, operadores e aos usuários”, diz.
Futuro
Dadas algumas prioridades e circunstâncias, os esforços de trabalho da atual gestão precisaram ser direcionados. Uma ideia acalentada pelo atual presidente, que encerra seu mandato no final deste mês de março, seria a implantação de um novo estatuto para a Asbrass com a criação de um conselho e uma presidência mais executiva. “Chegamos a elaborar a minuta para o novo estatuto, mas não era o momento, pois existiam outras prioridades, teve também a pandemia e não foi possível debater o tema”, comenta.
Para o futuro, o grande desafio da associação é consolidar cada vez mais a atividade em seus diferentes aspectos, diz Cohen. “A questão jurídica, tributária, operacional, além de atrair fornecedores para que tenhamos produtos cada vez melhores são alguns dos desafios“, expõe.
O presidente considera que a próxima gestão estará mais capacitada ainda para lidar com todas essas questões. Cohen ressalta também a renovação de 50% da diretoria. “Hoje há mais pessoas querendo participar e isso me alegra muito. Sentimos que esta gestão finaliza com a associação sendo vista como o local adequado para trabalhar pelo crescimento do self storage no Brasil”.